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O que é o estrabismo?

  • tendrix5
  • 8 de jun. de 2016
  • 3 min de leitura

Designa-se por estrabismo qualquer desalinhamento dos eixos visuais. O desvio de um dos olhos pode dar-se numa direção horizontal convergente ou divergente, numa direção vertical podendo um dos olhos desviar-se para cima ou para baixo ou ainda segundo um eixo torsional, neste caso de diagnóstico mais difícil. Na prática muitas vezes os desvios são mistos, ou seja, os eixos visuais encontram-se desalinhados em mais que uma direção.


Há ainda outras formas mais complexas de estrabismo; são formas mais raras e que por vezes estão associadas a outras alterações oculares ou mesmo sistémicas.


Na infância


Na infância a forma mais frequente de estrabismo é a endotropia acomodativa. Representa cerca de 80% de todos os estrabismos; embora possa surgir mais cedo, habitualmente observa-se entre os 2 e os 5 anos de idade.


Resulta do esforço que a criança tem de fazer para focar as imagens. Ainda que possa ser devida a uma alteração na relação entre a acomodação e a convergência, na maioria dos casos é provocada por uma hipermetropia não compensada.


Esta forma de estrabismo é particularmente importante porque pode ser prevenida; se a causa for diagnosticada e corrigida atempadamente pode evitar-se o aparecimento de estrabismo e da consequente ambliopia (olho preguiçoso). Daqui resulta a grande importância dos rastreios visuais no inicio do segundo ano de vida.


Factores de risco

Há vários fatores de risco associados ao aparecimento de estrabismo. Para além das crianças com uma história familiar, têm maior risco de desenvolver estrabismo:

  • os prematuros com idade gestacional inferior a 28 semanas e/ou com menos de 1500gr ao nascimento;

  • as crianças com complicações perinatais envolvendo o sistema nervoso central ou com atraso do desenvolvimento

  • e ainda as portadoras de alguns síndromes genéticos sobretudo quando associados a alterações cranio-faciais.



Sinais de alerta e consequências

Na criança, sobretudo nas mais pequenas que não verbalizam, muitas vezes não há queixas sintomáticas e o mais importante são alguns sinais que decorrem das adaptações que a criança faz.


O sinal mais evidente é o próprio desalinhamento ocular. Quando ocorre o desvio dá-se uma duplicação das imagens - diplopia. No adulto, essa diplopia mantém-se enquanto se verificar o desvio. Nas crianças, no entanto, o processo tem uma evolução diferente; elas rapidamente desenvolvem um mecanismo de “supressão” da segunda imagem, de forma a obter uma visão confortável. Este mecanismo leva à não utilização de um dos olhos, o qual na ausência de tratamento, vai ter consequências ao nível do córtex visual, com o desenvolvimento de ambliopia.


Previamente à instalação da supressão, a criança pode fechar o olho desviado para evitar a diplopia; é um sinal que numa criança deve ser sempre valorizado.


Alguns tipos de estrabismo podem ser compensados alterando a posição da cabeça. Um torcicolo deve ser sempre avaliado por um oftalmologista no sentido de despistar a presença de uma alteração do equilíbrio ocular motor.


Pseudo-estrabismo

O pseudo-estrabismo ou falso estrabismo é muito frequente, sobretudo nas idades mais precoces. Significa que a embora a criança aparente ser portadora de um estrabismo (normalmente convergente), de facto tem os olhos bem alinhados.


Esta falsa aparência de estrabismo é provocada pela visualização de menor porção de esclera na metade nasal do que o esperado. É normalmente devida à presença de epicantos proeminentes, a uma ponte nasal larga, ou alterações da distância interpupilar.


Tratamento

A primeira preocupação a ter com um doente estrábico após o diagnóstico de estrabismo, é efetuar uma avaliação completa da situação clínica. Deve determinar-se qual a causa ou causas, os fatores de risco associados e que consequências produziu o desvio.


Mais premente que o tratamento do desvio propriamente dito, é a correção das causas que lhe podem estar subjacentes. Devem corrigir-se por exemplo todos os erros refractivos significativos que estejam presentes; muitos estrabismos ficam corrigidos somente com a prescrição de uns óculos adequados.


Entre as consequências produzidas pelo estrabismo assume particular relevância a ambliopia. Os óculos, quando indicados são fundamentais, mas muitas vezes são insuficientes para o tratamento; é necessário recorrer a formas de penalizar o olho bom, usando por exemplo oclusões ou recorrendo à instilação de gotas que diminuam temporariamente a visão do olho bom, ou ainda a tratamentos de estimulação da visão.




É necessário enfatizar que estes tratamentos têm por finalidade tratar apenas a função visual e não o estrabismo!


Finalmente o desvio propriamente dito que se mantém após a correção ótica, tem tratamento cirúrgico. Uma alternativa à cirurgia, é em alguns casos, a aplicação de injeções de toxina botulinica nos músculos extra-oculares.


 
 
 

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